O quadro da mortalidade infantil (ou seja, número de crianças de até 1 ano mortas a cada mil nascidas vivas) é preocupante: depois de anos de queda, a taxa de mortalidade infantil subiu entre 2015 e 2016: de 13,3 em 2015 para 14, segundo o Ministério da Saúde.
De acordo com o IBGE, 70% das mortes de crianças com menos de um ano acontecem nesse período. Nas regiões mais pobres, nas populações indígenas, quilombolas, ribeirinhas e em assentamentos, a mortalidade materna e de crianças com menos de 1 ano é mais alta.
Sugestões de Pauta
Entre 1990 e 2015 a redução na razão de mortalidade materna no Brasil foi de 143 para 62 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos, o que representou uma diminuição de 56%. Esta redução tem sido reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ao destacar que houve avanços significativos desde a década de 90 nas políticas públicas de saúde. Mortes maternas são aquelas que envolvem óbitos causados por problemas relacionados à gravidez ou ao parto ou ocorridos até 42 dias depois do nascimento do bebê. Condições necessárias para reduzir a mortalidade materna e infantil envolvem medidas como melhoria da atenção pré-natal, nascimento e pós-parto, assim como instituído medidas de orientação e qualificação dos profissionais de saúde.
O Marco Legal da Primeira Infância determina ainda, em seu Artigo 19, que seja assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde.
Sugestões de Pauta
Segundo dados do Unicef, o Brasil ocupa o segundo lugar entre os países com o maior percentual de cesarianas no mundo - atrás apenas da República Dominicana. Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece em até 15% a proporção recomendada de partos por cesariana, no Brasil esse percentual, em 2017, foi de 57%. Enquanto na rede pública esse número é de 41%, na rede particular ele chega a 84% dos partos. A cesárea é um procedimento cirúrgico que salva vidas de mães e bebês. No entanto, segundo o próprio Unicef, utilizá-la de forma eletiva – como regra, não exceção – é inaceitável do ponto de vista das evidências científicas. Isso porque a cesariana traz um risco seis vezes maior de complicações graves para a mulher, especialmente quando realizada sem indicação, de acordo com a OMS.
Já o parto normal traz vantagens para a mãe e a criança. Para a mulher: favorece uma recuperação mais rápida; evita procedimentos desnecessários (que podem gerar infecção), reduz a probabilidade de repasse de drogas para o bebê, pois, geralmente, a mulher não recebe medicamentos no parto normal; permite a interação plena com o bebê, desde o primeiro minuto do seu nascimento, favorecendo a criação do vínculo.
Os benefícios para o bebê no parto normal são ainda mais numerosos, já que passar pelo canal vaginal traz vantagens como: maturidade pulmonar acelerada, prevenindo problemas respiratórios; compressão do tórax, que favorece a expulsão do líquido amniótico dos pulmões; melhora o sistema neurológico e imunológico. Por nascer mais ativo, o bebê também tem mais chances de se alimentar exclusivamente do leite materno.
Além disso, na passagem pelo canal, a flora bacteriana da mãe passa para o bebê, ajudando-o a formar sua própria flora intestinal (microbiota), que reduz o risco de se desenvolver, no futuro, diabetes, asma, alergias e alergias e doenças autoimunes.
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Sobrepeso e obesidade. Segundo dados do IBGE, em 2008, o excesso de peso atingia 33,5% das crianças brasileiras de cinco a nove anos. O sobrepeso foi maior na área urbana do que na rural. A região que mais se destacou nesse aspecto foi o Sudeste, com 40,3% dos meninos e 38% das meninas com sobrepeso nessa faixa etária.
O excesso de peso em crianças traz os mesmos riscos à saúde que afeta os adultos, como pressão alta, alteração de colesterol, diabetes, problemas nas articulações, agravamento de quadros de doenças respiratórias, além de questões psicológicas como isolamento e até depressão. Acesse um estudo que traz números e causas da obesidade infantil no Brasil, além de propostas para lidar com o problema.
Em contrapartida, cerca de 30% das crianças indígenas no Brasil são afetadas por desnutrição crônica, segundo o Unicef. Entre os yanomamis, o percentual supera 80%. Meninas e meninos indígenas têm mais de 2 vezes mais risco de morrer antes de completar 1 ano do que as outras crianças brasileiras.
Um a cada cinco bebês nascidos por ano no Brasil é filho de uma mãe adolescente, segundo dado do Ministério da Saúde. Quanto mais periférica e vulnerável a população, maior o número de adolescentes grávidas, condição que agrava a pobreza e a desigualdade. Quando a gestação acontece nessa fase, deve ser acompanhada de modo diferenciado para que a mãe tenha assistência ao criar uma estrutura para o cuidado permanente que aquela nova vida merece. Veja mais nesta pílula do documentário O Começo da Vida: